domingo, 4 de setembro de 2011

Os índios Xavante e a lenda da Estrela

     Os xavantes acreditam que as estrelas são olhos de pessoas que nos contemplam todas as noites. Certa noite, um índio que admirava o céu estrelado viu, de repente, uma estrela diferente das outras: brilhava mais, piscava muito e parecia inquieta. O índio se enamorou da sua beleza. Mas, cansado de olhar para o alto, adormeceu. A estrela notando que o seu admirador havia adormecido, desceu até a Terra e transformou-se numa linda jovem. O índio acordou, viu aquela lindeza diante dele, e espantou-se. Depois, trocaram olhares, conversaram e enamoraram-se. Mas a moça não podia permanecer muito tempo na Terra. Entristecida, ela despediu-se para voltar ao céu. Ele demonstrou muita tristeza e ela o convidou para acompanhá-la. Ele aceitou e indagou: "Mas como?" Ela respondeu: "Suba até o alto desta palmeira. Ela crescerá, crescerá, e levará você até o céu." E tudo aconteceu num piscar de olhos. Por algum tempo, eles permaneceram no céu. Porém, como o índio era muito responsável, desejou vir na Terra comunicar à todos da aldeia sobre seu desejo de permanecer no céu. Veio e em seguida, retornou para viver para sempre ao lado de sua amada estrela. Por isso é que, de vez em quando, uma estrela pisca. É o namoro da estrela com o índio.
(Índios Xavante - Vivem em Goiás e Mato Grosso)

domingo, 31 de julho de 2011

Educação básica e superior e as comunidades indígenas

Brasília, Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.

Capítulo II
Seção I

Art. 26º (...)
§ 4º O ensino da História no Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias
para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia.

Seção II

Art. 32º (...)
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades
indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. (Índio Zoró - Mato Grosso).

Capítulo V
Seção VIII

Art. 78º O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências de fomento à cultura e de
assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação
escolar bilíngüe e intercultural aos povos indígenas, com os seguinte objetivos:

I - porporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas;
a reafirmação de suas identidades étnicas; a realização de suas línguas e ciências.
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e
científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.

Art. 79º A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação
intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa.

§ 1º Os programos serão planejados com audiência das comunidades indígenas.

§ 2º Os programas a que se refere esse artigo, incluídos nos Planos Nacionais de Educação, terão os
seguintes objetivos:

I - fortalecer as práticas sócio-culturais e a língua materna de cada comunidade indígena;
II - manter programas de formação de pessoal especializado, destinado à educação escolas nas
comunidades indígenas;
III - desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os conteúdos culturais correspondentes
às respectivas comunidades;
IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático específico e diferenciado.

                                                    185º da Independência e 108º da República,
                                                                                                                  Fernando Henrique Cardoso.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

As lendas e mitos indígenas

       Ao observar um eclipse, você encara normalmente, por causa das informações que tem sobre esse fenômeno astronômico. Não se assusta, não imagina coisas fantásticas e nem procura outra explicação,
além da científica, para a ocultação parcial ou total da Lua ou do Sol. Agora imagine um ser humano primitivo observando o mesmo fenômeno pela primeira vez. Como não tem as informações que você tem, ele vai buscar uma explicação para o eclipse no fantástico, na superstição e nas crendices de seu universo cultural. Para ele, o sumiço da Lua ou do Sol pode ter ocorrido porque foram devorados por um monstro gigantesco. É assim que surgem as crendices, os mitos, as lendas. Um país como o nosso, onde a natureza se mostra de forma opulenta, não poderia deixar de ter uma vasta coleção de narrativas baseadas em fenômenos naturais. Entre elas se destacam as lendas indígenas, histórias sempre ligadas à mata, à caça, a feitos heróicos; enfim, à própria vida. As lendas, que passaram de geração a geração, procuram revelar, do ponto de vista do índio, mistérios como a origem do homem, da noite, das estrelas etc. Todas essas narrativas têm um ponto em comum, a grande sensibilidade e a beleza das histórias. E também guardam muitas semelhanças com outros relatos antigos, inclusive os bíblicos, como o da origem do homem.

Os índios contam que o Ser Supremo, certo dia, cortou um pedaço de madeira, esculpiu uma figura humana; com uma varinha, deu vários golpes nela, e a madeira virou homem. Em seguida, pegou uma das lascas da madeira, repetiu a operação com a varinha... E criou a mulher. Em outra lenda, o mundo é destruído por um dilúvio, restando vivo apenas um casal, que repovoou a Terra. Muitas das lendas indígenas se confundem com outras e têm várias versões, de acordo com o grupo cultural e com a região onde viveu a tribo. Além disso, após o descobrimento e durante a colonização portuguesa, muitas dessas histórias sofreram alterações, sendo influenciadas pelo europeu e pelo negro africano. A Iara, a mãe d’água, uma deusa branca de longos cabelos louros, revela claramente sua origem.

O Boto, uma espécie de golfinho de água doce, é outro exemplo. Suas histórias fantásticas eram narradas por navegantes muito antes do nosso descobrimento, mas ele acabou desembarcando na Amazônia legendária e transformou-se no peixe que vira homem, seduz as mulheres e volta para o fundo do rio.

O Curupira (ou Carapora), o menino de cabelos vermelhos, corpo coberto de pêlos e pés virados para trás, que todos conhecemos, é considerado o nosso mito mais antigo e que tem nitidamente uma criação livre de influências colonizadoras. Ele é uma espécie de gênio da floresta que protege a fauna e a flora. Aliás, protetor da natureza é que não falta à coleção de lendas indígenas. O Boitatá é outro protetor das matas,
só que tem a forma de uma serpente de fogo e luta contra quem promove queimadas. O mito mais popular, entretanto, é o Saci-Pererê, que parece em muitas lendas como um pássaro, transformando-se, com o passar do tempo, numa espécie de demônio de uma perna só. Mas é um demônio sem maldade, pois, por ser criança, se dedica apenas a molecagens. A popularidade desse mito se deve muito a Monteiro Lobato, que o transformou em personagem de suas histórias do “Sitio do Pica-pau Amarelo”. Além do Saci, os mitos indígenas já produziram pelo menos mais duas obras-primas da moderna literatura brasileira: “Macunaíma”, de Mario de Andrade e “Cobra Norato”, de Raul Bopp, livros que não podem deixar
de ser lidos com alegria. Mas o triste disso tudo é que, diante do que vêm ocorrendo na selva amazônica,
os mitos devem andar meio desacreditados, pois nem o Curupira ou Boitatá têm conseguido agir para evitar tanta destruição.
(Autor: Domingo Demasi. Fonte: Globinho Pesquisa, 1990).

terça-feira, 28 de junho de 2011

Lendas (Parte VI) - A Origem da Lua

Lenda que explica a relação da Lua e o ciclo menstrual.
Um homem viajou sozinho. Na sua ausência, todas as noites, sua mulher recebia na rede a visita de um desconhecido. Um dia, ela preparou tinta de jenipapo e passou-a no rosto do visitante noturno. De dia, verificou que era um dos seus próprios irmãos e contou para sua mãe.

O irmão se escondera e, trazido à força para a maloca, levou uma surra. Quando se viu em liberdade, ele jurou vingança. Outro irmão o seguiu-o às escondidas, para observá-lo. De longe, viu quando ele entrou numa maloca estranha, onde foi morto. Observou, também, como os inimigos cortaram a cabeça do morto e jogaram num monturo. O irmão decidiu levar a cabeça para casa.

Quando anoiteceu, saiu do esconderijo, apanhou muitos vagalumes e esfregou-os no próprio rosto e no corpo, que ficaram fosforescentes. Parecia um fantasma e os inimigos correram apavorados. Ele apanhou a cabeça e fugiu, levando-a. Quando se viu longe, parou para dormir.

Na manhã seguinte, enterraria a cabeça. Mas, pela manhã, a cabeça começou a falar, pedindo água.
Ele buscou água e ofereceu à cabeça mas o líquido escorreu pelo pescoço cortado. Ele, então, cavou um buraco fundo. Nele deixou sepultada a cabeça e continuou seu caminho em direção à maloca. Quando viu uma fruteira, subiu para comer frutas. Nisto, a cabeça, que libertou-se do buraco e veio pulando atrás dele, apareceu pedindo fruta. O homem atirou uma fruta bem longe. A cabeça foi apanhá-la e ele aproveitou para correr para sua maloca, onde chegou gritando: "Mataram meu irmão e a sua cabeça virou fantasma!"
Todos se esconderam na maloca e fecharam as portas. A cabeça chegou pulando e pedindo que abrissem a porta. Ninguém lhe respondeu e ela chorou, do lado de fora, durante a noite toda, pensando no que se transformaria: macaco seria comido; água seria bebido; terra seria pisado; e assim foi pensando...


Pela manhã, ele lembrou-se da lua. "Serei a lua, depois de três dias, aparecerei, e então acontecerá uma coisa à minha irmã (a menstruação). E, cada vez que eu aparecer de novo, assim acontecerá às mulheres e elas irão dar à luz." Depois, pediu à sua mãe que lhe desse dois novelos de fio de algodão. Ela lhe deu os novelos, por uma fenda na parede. Ele atirou os novelos para cima e alcançou o céu pelo fio que desenrolara. Quando já estava alto, sua gente saiu da maloca e viu como ia subindo cada vez mais, até desaparecer no céu.
(Resumo de lenda coletada por Curt Nimuendaju).

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Os índios e a Constituição Federal

Seguem abaixo alguns dos direitos Indígenas, segundo a Constituição Federal Brasileira, estatuto 21:

Dos Princípios
Art. 5º - A política de proteção e de assistência aos índios e às sociedades indígenas terá como finalidades:
I - assegurar aos índios a proteção das leis do País;
II - prestar assistência aos índios e às sociedades indígenas;
III - garantir aos índios o acesso aos conhecimentos da sociedade brasileira e sobre o seu funcionamento;
IV - garantir aos índios e às sociedades indígenas meios para sua auto-sustentação, respeitadas as suas diferenças culturais;
V - assegurar aos índios e às sociedades indígenas a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e de subsistência;
VI - promover junto à sociedade brasileira a compreensão, a aceitação e o reconhecimento dos índios e de suas sociedades como grupos etnicamente diferenciados, respeitando suas organizações sociais, usos, costumes, línguas e tradições, seus modos de viver, criar e fazer, seus valores culturais e artísticos e demais formas de expressão;
VII - executar, com anuência dos índios e, sempre que possível, com a sua participação, programas e projetos que beneficiem suas sociedades;
VIII - garantir aos índios e às sociedades indígenas a posse e a permanência nas suas terras;
IX – garantir aos índios o exercício dos direitos civis e políticos;
X – proteger os bens de valor artístico , histórico e cultural, os sítios arqueológicos e as demais formas de  referência à identidade, à ação e à história das sociedades indígenas.
 
(Índios Parakanã - PA)

Art. 6º - Nenhum índio ou sociedade indígena será objeto de qualquer forma de discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão e será punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão,
aos seus direitos.

Do Patrimônio Cultural Indígena
Art. 22 – Não constitui ofensa aos direitos de que trata o artigo anterior:
I – a reprodução ou citação de criações indígenas em livros, jornais, periódicos, artigos, teses, monografias acadêmicas, exposições e congêneres, para fins informativos, didáticos, de estudos científicos, inclusive antropológicos, análise, crítica ou polêmica;
II – a reprodução, representação, execução, publicação ou comunicação de criações indígenas ao público, por qualquer forma, processo ou meio, com finalidade didática, educativa ou científica, sem intuito lucrativo.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos deste artigo, deverão ser identificadas as sociedades ou comunidades indígenas, referenciadas geograficamente as suas obras, criações e manifestações e ser a elas encaminhadas e ao órgão federal indigenista, cópias dos trabalhos, publicações, filmes ou outro tipo de material.

 (Índios Banawá - AM)

Dos Bens, Garantias e Negócios
Art. 26 - Toda autoridade e servidor público que tiver conhecimento de ato, negócio ou fato lesivos à ocupação, ao domínio e à posse das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios é obrigada a dar conhecimento deles ao Ministério Público Federal e ao órgão federal indigenista, sob pena de responsabilidade.

Da Proteção
Art. 31 - Compete ao órgão federal indigenista exercer o poder de polícia dentro dos limites das terras indígenas, na defesa e proteção dos índios, sociedades e comunidades indígenas, de suas terras e patrimônio, podendo:
I - interditar, por prazo determinado, prorrogável uma vez, as terras indígenas para resguardo do
território e das comunidades ali ocupantes;
II - proibir a entrada de terceiros e estranhos nas terras indígenas, se houver evidência de prejuízo ou
risco para as comunidades indígenas ali ocupantes, às quais se dará ciência;
III - apreender veículos, bens e objetos de pessoas que estejam explorando o patrimônio indígena sem
a devida autorização legal;
IV - aplicar multas e penalidades.
§ 1°. Os veículos, bens e objetos apreendidos dentro de terra indígena na forma do inciso III deste
artigo ficam sujeitos à pena de perdimento.
§2 . É assegurado o porte de arma ao agente do órgão federal indigenista no exercício do poder de
polícia na terra indígena, que fica sujeito ao disposto na legislação pertinente.
 (Índios Potiguara - PB)

domingo, 5 de junho de 2011

O Tupi e as palavras que usamos no dia-a-dia

     O Tupi era a língua usada pelos jesuítas em suas catequeses desde o Maranhão até São Vicente, em São Paulo. Já o Guarani é um dialeto do Tupi e foi falado desde São Vicente até o Paraguai. Tupi-Guarani é uma família de línguas; por exemplo: eu posso falar Tupi porque é uma língua, eu posso falar Guarani porque também é uma língua, mas não posso falar Tupi-Guarani, pois essa palavra composta é na verdade uma generalização. Refere-se a uma família de línguas e não é uma língua falada. Para melhor compreensão: o português, por exemplo, é da família românica; eu posso falar português, mas não posso falar românico.

     TUPI-GUARANI – não é uma língua, mas uma família de mais de vinte línguas. Inclui o Tapirapé, o Wayampi, o Kamayurá, o Guarani (com seus dialetos), o Parintintin, o Xetá, o Tupi Antigo, etc. Existem línguas Tupi-Guarani, não o Tupi-Guarani. Dessas, o Tupi Antigo é a que foi estudada primeiro e a que mais influenciou a formação da cultura brasileira.

     Segue abaixo uma seleção de palavras que usamos no dia-a-dia que tem origem indígena e nem nos damos conta, e, é claro, seus respectivos significados:
  • Abacaxi: Interessante que, embora o abacaxi e o ananás possam ser tipos diferentes de uma mesma fruta, prevaleceu (pelo menos no sul) o nome abacaxi, que não é comum na literatura do Brasil colonial. Comum é "ananá". Mesmo assim, foi traduzido como de origem tupi com o significado de "fruta recendente", ou que cheira. De , ou ywa (fruta), e katy (que recende, cheira), mas esse nome pode ter vindo da América Central, embora a fruta (ananá) fosse comum no Brasil.
  • Açaí: Pequeno côco amarronzado. Significa fruta que chora, ou seja, de onde sai líquido.
  • Bauru: Município pertencente ao estado de São Paulo. Quer dizer ''cesto de frutas'' (‘ybá – fruta, uru – vasilha).
  • Biboca: Moradia humilde. Lugar ermo, um cantão no interior, afastado, de difícil acesso. O sujeito que mora numas bibocas. Na verdade nasceu dos significados "grota", "fenda", "buraco", que é o seu significado indígena, das palavras ibi (terra) e oca (a casa indígena).
  • Caju: O nome correto seria acajuá, com o significado de "fruta amarela com chifre", de aca (chifre), e juá (fruta amarela). O caju era muito utilizado pelos indígenas para fazer a sua tradicional bebida, o Kauim, também feito de outras frutas, inclusive da mandioca.
  • Capenga: Pessoa coxa, manca ou que falta uma perna. Tida como decorrente do Tupi, de cang (osso), e peng (torto). Lembremos que é próprio do Tupi aglutinar as palavras e, com isso, suprimir sílabas na junção.
  • Guanabara: Bairro pertencente à cidade do Rio de Janeiro. Significa enseada semelhante ao mar, baía grande.
  • Igarapé: "Caminho das canoas", que é de fato a tradução indígena de igara (canoa), e (caminho).
  • Jururu: Usado na expressão "ele está jururu", triste, e é isso mesmo que quer dizer. É a repetição da palavra boca, juru, como quem está com os cantos da boca caídos, está com dupla boca e, portanto, está triste, acabrunhado, como bem simboliza aquele bonequinho cujo rosto tem o desenho da boca torcido para baixo, que representa o tristonho.
Em outras postagens virei com outros nomes, pois a lista é realmente muito extensa, mas existem vários nome cujo significado é realmente muito interessante.

Até a próxima, Jhu Ybotira.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Pocahontas - A verdadeira história

Pocahontas: (?/?/1593 - 23 de março de 1617)
Em 1995, Roy Disney decidiu lançar um novo filme de animação sobre a história de uma mulher da tribo Powhatan, que ficou conhecida como Pocahontas.
Os descendentes da tribo, através do Chefe Roy Crazy Horse, demonstraram indignação diante das declarações de Roy Disney que afirmou que o filme é “responsável, bem apurado e respeitável”.

“Nós, da Nação Powhatan, discordamos das afirmações de Disney. O filme apresenta uma visão distorcida que vai muita além da história original. Nossas ofertas para ajudar a Disney em aspectos culturais e históricos foram rejeitadas. Tentamos fazer com que a Disney corrigisse os erros ideológicos e históricos do filme, mas fomos ignorados. Pocahontas é um apelido que significa ‘a metida’ ou ‘criança mimada’. O seu nome real era Matoaka. A história conta que ela salvou o herói britânico, John Smith que seria executado pelo seu pai em 1607. Nesta época, Pocahontas teria apenas entre 10 e 11 anos de idade. Além disso, Smith foi descrito por seus companheiros colonizadores como “agressivo, ambicioso, e um soldado que gostava de se auto-promover.”

De todos os filhos do chefe da tribo, Powhatan, somente Pocahontas ficou conhecida, primeiramente
porque se tornou uma heroína dos Euro-americanos conhecida como 'A Boa Índia’ porque salvou a vida de um homem branco. Não foi somente o tema “bom índio/mau índio” que ganhou nova vida através da Disney, mas a história publicamente conhecida pelos ingleses, foi falsificada em nome do entretenimento. A verdade é que a primeira vez que John Smith contou a história sobre seu resgate foi somente 17 anos após o acontecido. E entre as três versões contadas pelo pretensioso Smith estava a versão em que dizia ter sido salvo por uma mulher selvagem. Ainda, em um artigo Smith escreveu sobre o período pelo qual conviveu com a tribo Powhatan durante o inverno. O soldado caçador de aventuras contou que ficou estabelecido na aldeia confortavelmente como um convidado de honra de Powhatan, seus filhos e irmãos. No entanto, a maioria dos pesquisadores sobre a colonização Americana acredita que o incidente relatado por Smith é um fato não verídico, principalmente por este fazer parte do longo artigo que foi usado como justificativa para a declaração de Guerra contra o povo de Pocahontas.

Os euro-americanos devem se perguntar por que foi conveniente elevar a fábula contada por Smith a um status de mito nacional tão importante a ponto de este ser reciclado pela Disney Animation. A imprensa cinematográfica ainda transformou a menina Pocahontas em uma jovem mulher. Apesar do que diversos desenhos mostram, Smith era na verdade um homem de meia idade, de cabelos castanhos, de barba e cabelos longos. Ele era um dos líderes colonos, e, em 1607, fora raptado por caçadores Powhatans. Ele possivelmente seria morto, mas Pocahontas interveio, conseguindo convencer o pai que a morte de John Smith atrairia o ódio dos colonos.

Graças a esse evento [e mais duas oportunidades em que Pocahontas salvou a vida dos colonos], os Powhatan fizeram as pazes com os colonos. Ao contrário do que dizem os romances sobre sua vida, Pocahontas e Smith nunca se apaixonaram. Smith serviu como um tutor da língua e dos costumes ingleses
para Pocahontas. Vale lembrar que os colonos respeitavam seriamente Pocahontas. Em 1609, um acidente com pólvora obrigou John Smith a se tratar na Inglaterra, mas os colonos disseram a Pocahontas que Smith teria morrido.

A verdadeira história de Pocahontas tem um triste final. Em 1612, com apenas 17 anos, ela foi aprisionada pelos ingleses enquanto estava em uma visita social e foi mantida na prisão de Jamestown por mais de um ano. Durante o período de captura, o inglês John Rolfe demonstrou um especial interesse na jovem prisioneira. Como condição para Pocahontas ser libertada, ela teve de se casar Rolfe, que era um dos mais importantes comerciantes ingleses no setor de tabaco.

Pocahontas passou um ano prisioneira, mas tratada como um membro da corte. Alexander Whitaker, ministro inglês, ensinou o Cristianismo e aprimorou o inglês de Pocahontas, e, quando este providenciou seu batismo cristão, Pocahontas escolheu o nome de Rebecca.

Logo após isso, ela teve seu primeiro filho, a qual deu o nome de Thomas Rolfe. Os decendentes de Pocahontas e John Rolfe ficaram conhecidos como ‘Red Rolfes’.

Em 1616, Rolfe, Rebecca/Pocahontas e Thomas, viajaram para Inglaterra. Junto a eles, onzes membros da tribo Powhatan, incluindo o sacerdote Tomocomo. Na Inglaterra, Pocahontas descobriu que Smith estava vivo, mas não pode encontrá-lo, pois estava viajando. Mas Smith mandou uma carta a Rainha Anne,
informando que fosse tratada com nobreza. Pocahontas e os membros da tribo se tornaram imensamente populares entre os nobres, e em um evento, Pocahontas e Tomocomo se encontraram com o Rei James, que criou uma imensa simpatia com ambos. Em 1617, Pocahontas e John Smith se reencontraram. Smith escreveu em seus livros que durante o reencontro, Pocahontas não disse uma palavra a ele, mas quando tiveram a oportunidade de conversarem sozinhos por horas, ela declarou estar decepcionada com ele, por não ter ajudado a manter a paz entre sua tribo e os colonos. Meses depois, Rolfe e Pocahontas decidem retornar a Virginia, mas uma doença [provavelmente varíola] obrigou a retornarem com o navio. Entretanto, ao chegar na  costa, Pocahontas morre.

Após sua morte, diversos romances foram escritos, sendo que todos retratavam um romance entre Smith e Pocahontas. A maioria, ainda, tratava John Rolfe como um vilão, que teria separado os dois, e casado com Pocahontas a força. Apesar de sua fama, as figuras encontradas sobre Pocahontas sempre foram de caráter fantasioso, sendo a mais real figura de Pocahontas, a pintura de Simon Van de Passe. O filme da Disney sobre Pocahontas apresenta em sua trilha sonora uma canção considerada um dos maiores hinos de preservação ambiental. A canção se chama Colors of the Wind (As Cores do Vento), regravada por cantoras como Vanessa Williams e Vanessa Hudgens. O 1º filme da Disney sobre Pocahontas relata o relacionamento dela com John Smith. Porém, sua continuação Pocahontas 2 - Uma jornada para o novo mundo, mostra seu relacionamento com John Rolfe.

Hoje em dias, muitas pessoas tentam associar sua árvore genealógica a Pocahontas, incluindo o ex-presidente George W. Bush, mas na verdade, ele seria descendente apenas de John Rolfe, a partir de um filho de um casamento posterior a morte de Pocahontas. Entre as pessoas confirmadas como descendente de Pocahontas destaca-se Nancy Reagan, viúva de Ronald Regan.

O chefe Powhatan morreu na primavera seguinte. Os descendentes da tribo de Pocahontas foram dizimados e suas terras foram tomadas por colonizadores. “É triste que essa história, da qual euro-americanos deveriam se envergonhar, se tornou meio de entretenimento, perpetuando um mito irresponsável e falso sobre a Nação Powhatan.” Chief Roy Crazy Horse.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lendas (Parte V) - Cobra Grande e o Serpentário

Numa tribo do Amazonas, havia uma mulher tão má que até devorava crianças.
Um dia, a tribo decidiu atirá-la no rio, para que morresse afogada e nunca mais perseguisse alguém.
Porém o Anhangá, espírito protetor de animais e fêmeas grávidas, decidiu salvá-la.

Casou-se com ela, deu-lhe um filho e transformou o menino em cobra, para que pudesse viver dentro do rio.
Mas logo a cobra começou a crescer, crescer... e o rio tornou-se pequeno para abrigá-la.
Devorados por ela, os peixes iam desaparecendo. Durante a noite, como se fossem faróis, seus olhos iluminavam os rios e as praias, vagando fosforescentes na busca por homens e caça para devorar.
Aterrorizadas, os índios deram-lhe o nome de Cobra Grande.

No dia que a mãe da Cobra Grande morreu, sua dor manifestou-se por um violento ódio.
De seus olhos brotaram flechas de fogo que, atiradas contra o céu escuro, transformaram-se em raios.
A partir deste dia, a Cobra Grande se recolheu.
Crê-se que viva adormecida debaixo das grandes cidades. E, só acorde durante as grandes tempestades,
para assustar com a luz dos relâmpagos, e para anunciar o verão no céu em forma de Serpentário (constelação boreal).

domingo, 22 de maio de 2011

O verdadeiro Hino Nacional

Lamento Nacional de um Guerreiro:



''Ouviram do Ipiranga às margens plácidas,
atrás das margens, gritos reprimidos por tortura,
lágrimas de um povo heróico - o brado que não retumba.
O sol da liberdade, em raios contidos tem vergonha
de brilhar na nossa Pátria.

Se a mentira desta igualdade,
conseguimos demonstrar com braços mortos.
Em teu seio, ó Liberdade, desafia à mortandade planejada.
Ó Pátria amada, atraiçoada, queremos te salvar!

Brasil de um sonho intenso e pesadelo imenso.
Um raio frio de amor e de esperança com a Terra chora.
Se em teu fumacento céu, choroso e inerte,
à imagem do Cruzeiro, de vergonha, não aparece.

Gigante pela própria natureza!
És devastada, destruída, humilhada e fragilizada, sem amor.
Ó antigo colosso, e o teu futuro espelha este horror.

Terra adorada por poucos - somente pelos filhos da Terra.
Entre outras mil és tu Brasil como as demais latino-terras.
Dos filhos indignos deste solo és mãe humilhada,
Pátria amada por poucos... Brasil.''

Este texto é uma paródia ao Hino Nacional Brasileiro, foi criado pelo índio da tribo Tukano Manoel Fernandes Moura Tukano, presidente da FIUPAM (Federação Indígena pela Unificação e Paz Mundial).
Esse texto e sua respectiva continuação está no e-book Sol do Pensamento, no site:

http://www.grumin.org.br/
http://www.inbrapi.org.br/
http://www.elianepotiguara.com.br/

Indiozinho Tukano, os índios dessa tribo vivem originalmente no estado do Amazonas e na Colômbia.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lendas (Parte IV) - Mumuru, a estrela dos lagos

Maraí, uma jovem e bela índia, muito amava a natureza. À noite, ficava a contemplar a chegada da lua e das estrelas. Nasceu-lhe, então, um forte desejo de tornar-se uma estrela. Perguntou ao pai como surgiam aqueles pontinhos brilhantes no céu e, com grande alegria, veio a saber que Jacy, a lua, ouvia os desejos das moças e, ao se esconder atrás das montanhas, transformava-as em estrelas.
Muitos dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Resolveu então aguardar a chegada da lua junto aos peixes do lago. Assim que esta apareceu, Maraí encantou-se com sua imagem refletida na água, sendo atraída para dentro do lago, de onde não mais voltou. A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu. Jacy transformou-a numa bela planta, com um inebriante perfume e pétalas que se abrem nas águas para receber em toda sua superfície, a luz da lua. Recebeu o nome de Mumuru, a vitória-régia.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Lendas (Parte III) - A Origem dos Diamantes

Há muito tempo, vivia à beira de um rio uma tribo de índios. Dela fazia parte um casal muito feliz: Itagibá e Potira. Itagibá, que significa braço forte, era um guerreiro robusto e destemido. Potira, cujo nome quer dizer flor, era uma índia jovem e formosa. Vivia o casal tranqüilo e venturoso, quando rebentou uma guerra contra uma tribo vizinha. Itagibá teve de partir para a luta. E foi com profundo pesar que se despediu da esposa querida e acompanhou os outros guerreiros. Potira não derramou uma só lágrima, mas seguiu, com os olhos cheios de tristeza, a canoa que conduzia o esposo, até que a mesma desapareceu na curva do rio.
Passaram-se muitos dias sem que Itagibá voltasse à taba. Todas as tardes a índia esperava, à margem do rio, o regresso do esposo amado. Seu coração sangrava de saudade. Mas permanecia serena e confiante, na esperança que Itagibá voltaria à taba. Finalmente, Potira foi informada que seu esposo jamais regressaria. Ele havia morrido como um herói, lutando contra o inimigo. Ao ter essa notícia, Potira perdeu a calma que mantivera até então e derramou lágrimas copiosas.
Vencida pelo sofrimento, Potira passou o resto de sua vida, à beira do rio, chorando sem cessar. Suas lágrimas puras e brilhantes misturaram-se com as areias brancas do rio. A dor imensa da índia impressionou Tupã, o rei dos deuses. E este, para perpetuar a lembrança do grande amor de Potira, transformou suas lágrimas em diamantes. Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos dos rios e regatos. Seu brilho e sua pureza recordam as lágrimas de saudade da infeliz Potira.


(Lendas e Mitos do Brasil, Theobaldo M. Santos).

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Por que dia 19 de abril é Dia do Índio?

Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio.
Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas,
através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de abril? Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste contimente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos "homens brancos". No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 DE ABRIL, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio. Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena. Nas escolas, os alunos costumam fazer pesquisas sobre a cultura indígena, os museus fazem exposições e
os municípios organizam festas comemorativas. Deve ser também um DIA DE REFLEXÃO sobre  a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais. Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas. Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais, muitos povos indígenas estão perdendo suas terras.

PARABÉNS ao Índio Brasileiro neste dia, extensivo a toda a nobre e diversificada comunidade indígena do Brasil, constituída por mais de 200 povos de norte a sul do nosso país, incondicionalmente amado e tenazmente preservado em suas riquezas com muita coragem e altivamente por esta parcela valorosa dos legítimos representantes de nossos primeiros brasileiros.


Em nome do ÍNDIO BRASILEIRO devemos alertar para o que diz a  ONU:
"Indígenas são um terço dos miseráveis do mundo"

Um terço das 900 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza no mundo são indígenas, diz um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado recentemente. O relatório "A Situação dos Povos Indígenas do Mundo", foi preparado por sete especialistas e divulgado pelo Secretariado do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas das Nações Unidas. Segundo eles, em decorrência da pobreza e da falta de acesso à saúde e educação, a expectativa  de vida da população indígena chega a ser 20 ANOS INFERIOR à média nacional em alguns países, como Nepal e Austrália. Uma das mais graves ameaças a esses povos é o desrespeito por suas terras. "Quando a população indígena reagiu (às desapropriações e invasões)  e exigiu seus direitos, sofreu abusos físicos, detenções, torturas e até mortes", diz a publicação. Diante desse quadro, diversos povos indígenas enfrentam sério risco de extinção. Além disso, o estudo afirma que em cem anos, 90% de todos os idiomas indígenas devem desaparecer junto
com suas tribos.'' Fonte: Informativo Moranduba Tupi - Professor Joubert DiMauro.


Não deixe que isso aconteça! Preste mais atenção ao seu país, e se preocupe com os problemas que há nele. Se quisermos resolver algo, terá que ser de dentro pra fora! Conheça seu país antes de ir para o exterior, o Brasil é lindo e muito rico culturalmente. Proteja nossos índios, que merecem o mínimo de respeito, já que desde sempre foram maltratados. Lembre-se que em suas veias também corre sangue de índio. Não renegue seus antepassados! Estude o mínimo que seja para conhecer um pouco dos indígenas. Quando uma pessoa morre, morre com ela muito conhecimento que muitas vezes não está nos livros, conhecimento esse que se perderá! Lembre-se disso!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Lendas (Parte II) - A lenda do beija-flor

Existiam duas tribos morando à beira de um rio: uma tribo maior e uma tribo menor.
A tribo menor plantava e pescava com muito afinco e, com isso, começou a ter mais peixe e maior abundância de alimentos. Isto gerou inveja na outra tribo, que começou a hostilizar seus vizinhos, primeiro com palavras, depois com gestos e por fim declararam guerra àqueles que, mesmo em menor número, eram mais trabalhadores e eficientes.

Indiferente a estas questões, dois jovens se enamoraram, porém cada qual pertencia a uma tribo.
O rapaz pertencia à tribo menor e a jovem à tribo maior. Apesar da guerra, os dois se encontravam às escondidas, mas um dia os guerreiros da tribo da jovem a seguiram e os encontraram namorando. Depois de espancar o rapaz e pensando que ele já estivesse morto, levaram a jovem de volta à tribo.

O Conselho dos Anciãos foi convocado para o julgamento da pobre jovem. A acusação era de traição, já que as tribos estavam em guerra e eles acreditavam que ela passava segredos para a outra tribo. A sentença era de morte, mas por ela ser muito jovem e bela, convocaram os Xamãs que resolveram transformá-la numa flor.

O rapaz, socorrido por seus guerreiros, sobreviveu ao espancamento e, tão logo se recuperou passou a procurar desesperadamente pela sua amada. Ele chamou os Anciãos e anunciou que iria até a outra tribo em busca de seu amor. Eles não permitiram tremenda loucura e tentaram, de toda forma, impedi-lo. Afirmaram que na sua tribo existiam lindas moças que poderiam ser boa esposa e dar-lhe filhos fortes e saudáveis. O rapaz estava irredutível e, os anciãos, vendo tamanha decisão e tristeza do jovem, chamaram os Xamãs para ajudá-los. Depois de muito pensar e sabendo que a jovem amada tinha sido transformada em flor decidiram transformá-lo em Beija-Flor.

Segundo a lenda, é por isto que o Beija-Flor vai de flor em flor, sempre tentando achar a sua amada.
Em toda lenda índígena existe uma moral que os mais velhos ensinam aos mais novos e esta é que nunca se deve desistir do seu objetivo.
(Lenda indígena norte-americana).

domingo, 8 de maio de 2011

Projeto Índios na Escola e os índios Pataxó

Tive o prazer de conhecer duas pessoas maravilhosas no período que morei em Búzios, no começo desse ano: Patxiá Pataxó e Kamayurá Pataxó, que fazem parte do projeto Índios na Escola, segundo a lei
11.645/2008, que torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena em todo o estabelecimento de ensino fundamental e médio, público ou privado, em todo território nacional. O trabalho que eles fazem é muito bonito e interessante, já que sempre concordei com o fato de que deveríamos estudar sobre os nossos ancestrais e verdadeiros donos dessa terra Brasil! Querendo conhecer mais do projeto, acesse:
http://indiosnaescolaespiritopataxo.blogspot.com/

Os Pataxós são indígenas do estado da Bahia e os índios do descobrimento, que viviam na praia de Coroa
Vermelha, em Santa Cruz Cabrália quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil. Têm uma cultura muito rica e, apesar de terem um contato grande com urbanização, falam sua língua e estudam ela na escola
indígena, além de cultivarem seus costumes.

Abaixo seguem algumas poucas palavras que aprendi da língua dos Pataxós, o Patxohã (pertencente ao tronco lingüístico Macro-jê) e seus respectivos significados (perdoem-me por eventuais erros na grafia, mas conheço as palavras apenas ''de ouvido''):

Jokana - Mulher
Kakusu - Homem
Guinawi - Bicho-preguiça
Baim - Gostoso/a (a comida, a pessoa, o vento, etc.)
Kamayurá - Coragem
Kijeme - Casa
Mianga - Água
Mukussuy - Peixe
Patxiá - Número seis - 6
Taputarí - Parente
Tuke tukehe - Boa sorte
Weri mehe - Amor; amar; eu te amo.
Manguti - Comida

Patxiá Pataxó é a minha mãe índia. Eu possuo duas mães, uma branca, que é a mãe de sangue que me criou e a Patxiá que veio a ser minha mãe indígena há pouco tempo. Dela recebo conselhos, ajuda, carinho, abrigo, comida e tudo o mais que eu precisar.

Meu nome indígena é Ybotira, o qual significa flor pequena noTupi.

Segue uma foto de minha ''mainha'' Patxiá, da qual sinto muita saudade!

E aqui somos eu, Patxiá e Indiara na Praia do Canto em Búzios (RJ):

sábado, 7 de maio de 2011

Lendas (Parte I) - Guaraná, a essência dos frutos.

Aguiry era um alegre indiozinho, que se alimentava somente de frutas. Todos os dias saía pela floresta à procura delas, trazendo-as num cesto para distribuí-las entre seus amigos. Certo dia, Aguiry perdeu-se na mata por afastar-se demais da aldeia. Jurupari, o demônio das trevas, vagava pela floresta. Tinha corpo de morcego, bico de coruja e também se alimentava de frutas. Ao encontrar o índio ao lado do cesto, não hesitou em atacá-lo. Os índios encontram-no morto ao lado do cesto vazio.
Tupã, o Deus do Bem, ordenou que retirassem os olhos da criança e os plantassem sob uma grande árvore seca. Seus amigos deveriam regar o local com lágrimas, até que ali brotasse uma nova planta, da qual nasceria o fruto que conteria a essência de todos os outros, deixando mais fortes e mais felizes aqueles que dele comessem. A planta que brotou dos olhos de Aguiry possui as sementes em forma de olhos, recebendo o nome de guaraná.


Fonte: FUNAI.

Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas

Eu estive lendo sobre uma organização interessante chamada GRUMIN. Foi criada para as mulheres indígenas do estado do Rio de Janeiro, onde incentivam elas a continuarem fazendo seu artesanato, onde cultivam seus costumes e criam diversos projeto para benefício de sua identidade. Veja a seguir a citação de Eliane Potiguara: "Através dos séculos nossa voz foi  sufocada. Mas muitas vozes femininas ecoaram.
Hoje o princípio da Terra, cujas sementes brotaram a partir das lágrimas de dor das mães,
tias, avós e bisavós desse país se fazem presentes.

Em 1986 nasceu o Grumin... Em 1991, há 18 anos, o Grumin reuniu no Rio de Janeiro, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, duzentas mulheres indígenas para a Pré-Conferência da ONU
sobre Meio Ambiente. Em 1995, a voz da mulher indígena brasileira explodia num grito de liberdade
na Conferência da ONU em Beijing.

Estamos zelando pela nossa Mãe Terra. Todas as mulheres são manifestações da Mãe Terra em forma Humana. No aniversário de 22 anos de GRUMIN em 2008, um presente ancestral foi dado às matriarcas
e às jovens desse país: Cunhã-Uasu Muacasáua - MULHERES FORTES E UNIDAS!".
E esse presente é seu!" ~> http://www.grumin.org.br/principal.htm
Vale a pena visitar o site e conhecer. Aliás, haverá uma apresentação das mulheres no dia 27/05 (quinta)
abaixo segue o flyer de divulgação:

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Seja bem-vindo!

     Caro visitante, o propósito do blog Juayhu (palavra que significa amor mútuo) é divulgar as culturas indígenas do Brasil, com fotos, vídeos, aviso de eventos, projetos, textos, lendas e os direitos dos índios perante o o governo Brasileiro. Servirá para mostrar as pessoas a como enxergar o povo indígena com outros olhos, aliás, enxergar da única forma que deveriam ter visto sempre.
     Querendo participar do blog com alguma postagem, favor enviar para o meu e-mail jhubauer.snake@gmail.com. Necessitando de qualquer esclarecimento sobre os povos indígenas, estarei aqui para ajudá-lo.