quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lendas (Parte V) - Cobra Grande e o Serpentário

Numa tribo do Amazonas, havia uma mulher tão má que até devorava crianças.
Um dia, a tribo decidiu atirá-la no rio, para que morresse afogada e nunca mais perseguisse alguém.
Porém o Anhangá, espírito protetor de animais e fêmeas grávidas, decidiu salvá-la.

Casou-se com ela, deu-lhe um filho e transformou o menino em cobra, para que pudesse viver dentro do rio.
Mas logo a cobra começou a crescer, crescer... e o rio tornou-se pequeno para abrigá-la.
Devorados por ela, os peixes iam desaparecendo. Durante a noite, como se fossem faróis, seus olhos iluminavam os rios e as praias, vagando fosforescentes na busca por homens e caça para devorar.
Aterrorizadas, os índios deram-lhe o nome de Cobra Grande.

No dia que a mãe da Cobra Grande morreu, sua dor manifestou-se por um violento ódio.
De seus olhos brotaram flechas de fogo que, atiradas contra o céu escuro, transformaram-se em raios.
A partir deste dia, a Cobra Grande se recolheu.
Crê-se que viva adormecida debaixo das grandes cidades. E, só acorde durante as grandes tempestades,
para assustar com a luz dos relâmpagos, e para anunciar o verão no céu em forma de Serpentário (constelação boreal).

domingo, 22 de maio de 2011

O verdadeiro Hino Nacional

Lamento Nacional de um Guerreiro:



''Ouviram do Ipiranga às margens plácidas,
atrás das margens, gritos reprimidos por tortura,
lágrimas de um povo heróico - o brado que não retumba.
O sol da liberdade, em raios contidos tem vergonha
de brilhar na nossa Pátria.

Se a mentira desta igualdade,
conseguimos demonstrar com braços mortos.
Em teu seio, ó Liberdade, desafia à mortandade planejada.
Ó Pátria amada, atraiçoada, queremos te salvar!

Brasil de um sonho intenso e pesadelo imenso.
Um raio frio de amor e de esperança com a Terra chora.
Se em teu fumacento céu, choroso e inerte,
à imagem do Cruzeiro, de vergonha, não aparece.

Gigante pela própria natureza!
És devastada, destruída, humilhada e fragilizada, sem amor.
Ó antigo colosso, e o teu futuro espelha este horror.

Terra adorada por poucos - somente pelos filhos da Terra.
Entre outras mil és tu Brasil como as demais latino-terras.
Dos filhos indignos deste solo és mãe humilhada,
Pátria amada por poucos... Brasil.''

Este texto é uma paródia ao Hino Nacional Brasileiro, foi criado pelo índio da tribo Tukano Manoel Fernandes Moura Tukano, presidente da FIUPAM (Federação Indígena pela Unificação e Paz Mundial).
Esse texto e sua respectiva continuação está no e-book Sol do Pensamento, no site:

http://www.grumin.org.br/
http://www.inbrapi.org.br/
http://www.elianepotiguara.com.br/

Indiozinho Tukano, os índios dessa tribo vivem originalmente no estado do Amazonas e na Colômbia.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lendas (Parte IV) - Mumuru, a estrela dos lagos

Maraí, uma jovem e bela índia, muito amava a natureza. À noite, ficava a contemplar a chegada da lua e das estrelas. Nasceu-lhe, então, um forte desejo de tornar-se uma estrela. Perguntou ao pai como surgiam aqueles pontinhos brilhantes no céu e, com grande alegria, veio a saber que Jacy, a lua, ouvia os desejos das moças e, ao se esconder atrás das montanhas, transformava-as em estrelas.
Muitos dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Resolveu então aguardar a chegada da lua junto aos peixes do lago. Assim que esta apareceu, Maraí encantou-se com sua imagem refletida na água, sendo atraída para dentro do lago, de onde não mais voltou. A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu. Jacy transformou-a numa bela planta, com um inebriante perfume e pétalas que se abrem nas águas para receber em toda sua superfície, a luz da lua. Recebeu o nome de Mumuru, a vitória-régia.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Lendas (Parte III) - A Origem dos Diamantes

Há muito tempo, vivia à beira de um rio uma tribo de índios. Dela fazia parte um casal muito feliz: Itagibá e Potira. Itagibá, que significa braço forte, era um guerreiro robusto e destemido. Potira, cujo nome quer dizer flor, era uma índia jovem e formosa. Vivia o casal tranqüilo e venturoso, quando rebentou uma guerra contra uma tribo vizinha. Itagibá teve de partir para a luta. E foi com profundo pesar que se despediu da esposa querida e acompanhou os outros guerreiros. Potira não derramou uma só lágrima, mas seguiu, com os olhos cheios de tristeza, a canoa que conduzia o esposo, até que a mesma desapareceu na curva do rio.
Passaram-se muitos dias sem que Itagibá voltasse à taba. Todas as tardes a índia esperava, à margem do rio, o regresso do esposo amado. Seu coração sangrava de saudade. Mas permanecia serena e confiante, na esperança que Itagibá voltaria à taba. Finalmente, Potira foi informada que seu esposo jamais regressaria. Ele havia morrido como um herói, lutando contra o inimigo. Ao ter essa notícia, Potira perdeu a calma que mantivera até então e derramou lágrimas copiosas.
Vencida pelo sofrimento, Potira passou o resto de sua vida, à beira do rio, chorando sem cessar. Suas lágrimas puras e brilhantes misturaram-se com as areias brancas do rio. A dor imensa da índia impressionou Tupã, o rei dos deuses. E este, para perpetuar a lembrança do grande amor de Potira, transformou suas lágrimas em diamantes. Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos dos rios e regatos. Seu brilho e sua pureza recordam as lágrimas de saudade da infeliz Potira.


(Lendas e Mitos do Brasil, Theobaldo M. Santos).

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Por que dia 19 de abril é Dia do Índio?

Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio.
Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas,
através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de abril? Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste contimente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos "homens brancos". No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 DE ABRIL, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio. Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena. Nas escolas, os alunos costumam fazer pesquisas sobre a cultura indígena, os museus fazem exposições e
os municípios organizam festas comemorativas. Deve ser também um DIA DE REFLEXÃO sobre  a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais. Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas. Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais, muitos povos indígenas estão perdendo suas terras.

PARABÉNS ao Índio Brasileiro neste dia, extensivo a toda a nobre e diversificada comunidade indígena do Brasil, constituída por mais de 200 povos de norte a sul do nosso país, incondicionalmente amado e tenazmente preservado em suas riquezas com muita coragem e altivamente por esta parcela valorosa dos legítimos representantes de nossos primeiros brasileiros.


Em nome do ÍNDIO BRASILEIRO devemos alertar para o que diz a  ONU:
"Indígenas são um terço dos miseráveis do mundo"

Um terço das 900 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza no mundo são indígenas, diz um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado recentemente. O relatório "A Situação dos Povos Indígenas do Mundo", foi preparado por sete especialistas e divulgado pelo Secretariado do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas das Nações Unidas. Segundo eles, em decorrência da pobreza e da falta de acesso à saúde e educação, a expectativa  de vida da população indígena chega a ser 20 ANOS INFERIOR à média nacional em alguns países, como Nepal e Austrália. Uma das mais graves ameaças a esses povos é o desrespeito por suas terras. "Quando a população indígena reagiu (às desapropriações e invasões)  e exigiu seus direitos, sofreu abusos físicos, detenções, torturas e até mortes", diz a publicação. Diante desse quadro, diversos povos indígenas enfrentam sério risco de extinção. Além disso, o estudo afirma que em cem anos, 90% de todos os idiomas indígenas devem desaparecer junto
com suas tribos.'' Fonte: Informativo Moranduba Tupi - Professor Joubert DiMauro.


Não deixe que isso aconteça! Preste mais atenção ao seu país, e se preocupe com os problemas que há nele. Se quisermos resolver algo, terá que ser de dentro pra fora! Conheça seu país antes de ir para o exterior, o Brasil é lindo e muito rico culturalmente. Proteja nossos índios, que merecem o mínimo de respeito, já que desde sempre foram maltratados. Lembre-se que em suas veias também corre sangue de índio. Não renegue seus antepassados! Estude o mínimo que seja para conhecer um pouco dos indígenas. Quando uma pessoa morre, morre com ela muito conhecimento que muitas vezes não está nos livros, conhecimento esse que se perderá! Lembre-se disso!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Lendas (Parte II) - A lenda do beija-flor

Existiam duas tribos morando à beira de um rio: uma tribo maior e uma tribo menor.
A tribo menor plantava e pescava com muito afinco e, com isso, começou a ter mais peixe e maior abundância de alimentos. Isto gerou inveja na outra tribo, que começou a hostilizar seus vizinhos, primeiro com palavras, depois com gestos e por fim declararam guerra àqueles que, mesmo em menor número, eram mais trabalhadores e eficientes.

Indiferente a estas questões, dois jovens se enamoraram, porém cada qual pertencia a uma tribo.
O rapaz pertencia à tribo menor e a jovem à tribo maior. Apesar da guerra, os dois se encontravam às escondidas, mas um dia os guerreiros da tribo da jovem a seguiram e os encontraram namorando. Depois de espancar o rapaz e pensando que ele já estivesse morto, levaram a jovem de volta à tribo.

O Conselho dos Anciãos foi convocado para o julgamento da pobre jovem. A acusação era de traição, já que as tribos estavam em guerra e eles acreditavam que ela passava segredos para a outra tribo. A sentença era de morte, mas por ela ser muito jovem e bela, convocaram os Xamãs que resolveram transformá-la numa flor.

O rapaz, socorrido por seus guerreiros, sobreviveu ao espancamento e, tão logo se recuperou passou a procurar desesperadamente pela sua amada. Ele chamou os Anciãos e anunciou que iria até a outra tribo em busca de seu amor. Eles não permitiram tremenda loucura e tentaram, de toda forma, impedi-lo. Afirmaram que na sua tribo existiam lindas moças que poderiam ser boa esposa e dar-lhe filhos fortes e saudáveis. O rapaz estava irredutível e, os anciãos, vendo tamanha decisão e tristeza do jovem, chamaram os Xamãs para ajudá-los. Depois de muito pensar e sabendo que a jovem amada tinha sido transformada em flor decidiram transformá-lo em Beija-Flor.

Segundo a lenda, é por isto que o Beija-Flor vai de flor em flor, sempre tentando achar a sua amada.
Em toda lenda índígena existe uma moral que os mais velhos ensinam aos mais novos e esta é que nunca se deve desistir do seu objetivo.
(Lenda indígena norte-americana).

domingo, 8 de maio de 2011

Projeto Índios na Escola e os índios Pataxó

Tive o prazer de conhecer duas pessoas maravilhosas no período que morei em Búzios, no começo desse ano: Patxiá Pataxó e Kamayurá Pataxó, que fazem parte do projeto Índios na Escola, segundo a lei
11.645/2008, que torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena em todo o estabelecimento de ensino fundamental e médio, público ou privado, em todo território nacional. O trabalho que eles fazem é muito bonito e interessante, já que sempre concordei com o fato de que deveríamos estudar sobre os nossos ancestrais e verdadeiros donos dessa terra Brasil! Querendo conhecer mais do projeto, acesse:
http://indiosnaescolaespiritopataxo.blogspot.com/

Os Pataxós são indígenas do estado da Bahia e os índios do descobrimento, que viviam na praia de Coroa
Vermelha, em Santa Cruz Cabrália quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil. Têm uma cultura muito rica e, apesar de terem um contato grande com urbanização, falam sua língua e estudam ela na escola
indígena, além de cultivarem seus costumes.

Abaixo seguem algumas poucas palavras que aprendi da língua dos Pataxós, o Patxohã (pertencente ao tronco lingüístico Macro-jê) e seus respectivos significados (perdoem-me por eventuais erros na grafia, mas conheço as palavras apenas ''de ouvido''):

Jokana - Mulher
Kakusu - Homem
Guinawi - Bicho-preguiça
Baim - Gostoso/a (a comida, a pessoa, o vento, etc.)
Kamayurá - Coragem
Kijeme - Casa
Mianga - Água
Mukussuy - Peixe
Patxiá - Número seis - 6
Taputarí - Parente
Tuke tukehe - Boa sorte
Weri mehe - Amor; amar; eu te amo.
Manguti - Comida

Patxiá Pataxó é a minha mãe índia. Eu possuo duas mães, uma branca, que é a mãe de sangue que me criou e a Patxiá que veio a ser minha mãe indígena há pouco tempo. Dela recebo conselhos, ajuda, carinho, abrigo, comida e tudo o mais que eu precisar.

Meu nome indígena é Ybotira, o qual significa flor pequena noTupi.

Segue uma foto de minha ''mainha'' Patxiá, da qual sinto muita saudade!

E aqui somos eu, Patxiá e Indiara na Praia do Canto em Búzios (RJ):

sábado, 7 de maio de 2011

Lendas (Parte I) - Guaraná, a essência dos frutos.

Aguiry era um alegre indiozinho, que se alimentava somente de frutas. Todos os dias saía pela floresta à procura delas, trazendo-as num cesto para distribuí-las entre seus amigos. Certo dia, Aguiry perdeu-se na mata por afastar-se demais da aldeia. Jurupari, o demônio das trevas, vagava pela floresta. Tinha corpo de morcego, bico de coruja e também se alimentava de frutas. Ao encontrar o índio ao lado do cesto, não hesitou em atacá-lo. Os índios encontram-no morto ao lado do cesto vazio.
Tupã, o Deus do Bem, ordenou que retirassem os olhos da criança e os plantassem sob uma grande árvore seca. Seus amigos deveriam regar o local com lágrimas, até que ali brotasse uma nova planta, da qual nasceria o fruto que conteria a essência de todos os outros, deixando mais fortes e mais felizes aqueles que dele comessem. A planta que brotou dos olhos de Aguiry possui as sementes em forma de olhos, recebendo o nome de guaraná.


Fonte: FUNAI.

Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas

Eu estive lendo sobre uma organização interessante chamada GRUMIN. Foi criada para as mulheres indígenas do estado do Rio de Janeiro, onde incentivam elas a continuarem fazendo seu artesanato, onde cultivam seus costumes e criam diversos projeto para benefício de sua identidade. Veja a seguir a citação de Eliane Potiguara: "Através dos séculos nossa voz foi  sufocada. Mas muitas vozes femininas ecoaram.
Hoje o princípio da Terra, cujas sementes brotaram a partir das lágrimas de dor das mães,
tias, avós e bisavós desse país se fazem presentes.

Em 1986 nasceu o Grumin... Em 1991, há 18 anos, o Grumin reuniu no Rio de Janeiro, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, duzentas mulheres indígenas para a Pré-Conferência da ONU
sobre Meio Ambiente. Em 1995, a voz da mulher indígena brasileira explodia num grito de liberdade
na Conferência da ONU em Beijing.

Estamos zelando pela nossa Mãe Terra. Todas as mulheres são manifestações da Mãe Terra em forma Humana. No aniversário de 22 anos de GRUMIN em 2008, um presente ancestral foi dado às matriarcas
e às jovens desse país: Cunhã-Uasu Muacasáua - MULHERES FORTES E UNIDAS!".
E esse presente é seu!" ~> http://www.grumin.org.br/principal.htm
Vale a pena visitar o site e conhecer. Aliás, haverá uma apresentação das mulheres no dia 27/05 (quinta)
abaixo segue o flyer de divulgação:

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Seja bem-vindo!

     Caro visitante, o propósito do blog Juayhu (palavra que significa amor mútuo) é divulgar as culturas indígenas do Brasil, com fotos, vídeos, aviso de eventos, projetos, textos, lendas e os direitos dos índios perante o o governo Brasileiro. Servirá para mostrar as pessoas a como enxergar o povo indígena com outros olhos, aliás, enxergar da única forma que deveriam ter visto sempre.
     Querendo participar do blog com alguma postagem, favor enviar para o meu e-mail jhubauer.snake@gmail.com. Necessitando de qualquer esclarecimento sobre os povos indígenas, estarei aqui para ajudá-lo.